“Em todos os anos setembro novembro/Vou ao juazeiro alegre e contente/Cantando na frente sou mais um romeiro/Vou ver meu padim/De bucho cheio ou barriga vazia/Ele é o meu pai ele é o meu santo/É minha alegria/Olha lá no alto do horto/Ele tá vivo padre não tá morto/Olha lá no alto do horto” (Viva meu Padim, Luiz Gonzaga)
Ainda na madrugada matinal, bem antes dos primeiros raios do sol abrasador despertar, com passos rastejantes e lentos, os romeiros vão arrastando suas sandálias de borracha pelo asfalto do Centro de Juazeiro do Norte. Sejam em “bandos” ou sozinhos, eles chegam aos poucos na cidade.
Vindos de diferentes brenhas do Nordeste, atravessam estradas infinitas em busca da Terra Santa. Pelo “Padim Padi Cícero”, clamam, oram, suplicam, incontáveis ‘Pai Nosso e Ave Maria’. "Somos romeiros e estamos em busca da salvação". Benditos e louvados sejam estes romeiros que, com muita fé e devoção, fazem de Juazeiro do Norte um cenário de inspiração.
Ao ver tantos rostos expressivos, possibilitando-me a ideia de uma boa imagem, me senti imersa em mundo imagético. Por outro lado, em muitos momentos, me tornei o próprio alvo, quando olhada por olhares questionadores dos romeiros que, por vezes, não podiam entender o que eu fazia quando apontava a minha lente fotográfica em suas direções.
Este ensaio fotográfico é um recorte do que foi o último dia dos finados do ano de 2013. Muitos retratos compõem esta coletânea, os rostos falam por si só. Vindos de diferentes sertões. “Somos romeiros” é para mim o reflexo de um povo unido pela fé.